2023/06/23
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2023/06/22
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2023/06/21
Catequese acolhedora
Como criar uma catequese acolhedora?
Dar carinho é só o começo. Você mostra
que se importa com os catequizandos quando ouve o que eles sentem e valoriza as
capacidades e os gostos de cada um. Assim, ajuda a formar pessoas mais felizes
e cidadãos responsáveis. Hoje em dia é assim: eu preciso, eu quero, eu vou.
Cada vez mais a sociedade estimula crianças e adolescentes a ter atitudes
individualistas, que passam bem longe da reflexão e da responsabilidade com o
próximo. O jovem só se sensibiliza quando se sente parte de um grupo — a
família, a turma da catequese, a sociedade — e entende que, em cada um deles,
sua presença e sua contribuição são importantes. Como a catequese proporciona
isso? Oferecendo ao catequizando o direito de ser ouvido e compreendido. Os catequistas
que trabalham dessa maneira dão ao catequizando caminhos para reconhecer seus
sentimentos, desde pequeno. Daí para que ele se torne responsável por suas
atitudes é um pulo. Para que você crie esse ambiente acolhedor, é necessário
entender o que é afetividade e por que ela é fundamental na formação de pessoas
felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com os outros e com o planeta.
Veja nesta reportagem como dosar o conteúdo e a educação dos sentimentos para
formar verdadeiros cidadãos.
É preciso estimular a criança a dizer o que sente
Imagine se um catequizando de 5 anos
chegasse um dia dizendo que queria falar com você e emendasse: "Meus pais
estão brigando muito. Acho que eles vão se separar e estou com medo. Por isso
tenho batido nos meus colegas". Absurdo. Crianças dessa idade dificilmente
têm essa capacidade de expressão. Muito menos os adolescentes. Falar de
sentimentos é difícil, principalmente na falta de um ambiente propício, que dê
segurança e proteção suficientes para expor dores, medos e incertezas. Se o catequista
estimula a criança a expressar o que sente, logo vê mudanças significativas no
seu comportamento. Foi o que aconteceu com Daniel, de 10
anos. Em 2004 ele foi matriculado na 4ª série do Colégio Ricaro, em São Paulo.
Tinha dificuldades em fazer amigos e agia de forma bastante agressiva. Com
muita paciência e conversa, a professora ganhou a confiança de Daniel, que
passou a contar os problemas que tinha em casa. Aos poucos, ela descobriu que o
garoto sentia muita falta da mãe, que via raramente. Sem estímulo para
expressar sua carência, Daniel só sabia agredir. Ao encontrar a compreensão da
professora, fez amizade com os colegas e passou a ver na escola uma aliada.
"Pagar com a mesma moeda a agressividade de um catequizando é pior.
Trabalhamos muito com o Daniel para que, quando estivesse com raiva, não
descontasse nos outros. Ele aprendeu a falar o que sentia", conta Sílvia
Verônica Alkmin Piedade, coordenadora da escola.
Todo esse cuidado, que parece ir além das
obrigações do catequista com o conteúdo, reflete no rendimento do catequizando.
"É tarefa do educador, ser justo e generoso com sua turma", afirma
Yves de La Taille, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. A
justiça, segundo ele, está ligada a tudo aquilo que é de direito do ser humano.
Dar uma boa catequese, por exemplo, é dever do catequista. Mas se ele fica com
a criança meia hora depois da catequese para atender a uma dificuldade, isso é
generosidade. Além de sua conduta ser um exemplo, demonstra que se importa com
o catequizando.
Bater papo sobre valores funciona mais do que sermão
Os catequizandos precisam pensar sobre as
próprias atitudes e reconhecer os sentimentos que movem suas ações. Quando eles
fazem isso, surgem oportunidades de, na prática, construir valores positivos.
No caso de um catequizando mentir, por exemplo, o ideal é conversar
reservadamente com ele questionando as conseqüências dessa atitude, de como os
coleguinhas vão agir ao descobrir a verdade. E se há furto na sala, o melhor é
bater um papo, na hora, sobre valores importantes como honestidade, justiça e
confiança. Construir valores não é escrever no quadro que temos de ser
solidários ou que não podemos bater nos colegas. Isso se faz dando ao catequizando
a oportunidade de se colocar no lugar do outro e achar soluções alternativas
para seus conflitos, sem agressão.
A questão, no entanto, que nos inquieta é como a catequese deve interferir na formação dos valores da criança? A construção de valores e atitudes cabe à catequese, sim. O seu papel, catequista, é identificar entre tantas opções o que pretende construir com sua turma.
Revista Nova Escola – M.Cavalcante
Adaptado para a catequese - Flávio
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