2009/01/02

A tirania adolescente


Até poucas décadas atrás, os pais educavam seus filhos com base numa regra simples: cabia a eles exercer sua ascendência sobre a prole de maneira inquestionável, pois – como diziam os avós dos adultos de hoje – criança não tinha direito nem querer. Muita coisa mudou desde então. Com a revolução comportamental dos anos 60, a difusão dos métodos pedagógicos modernos e a popularização da psicologia, a liberdade passou a dar o tom nas relações entre pais e filhos. A tal ponto que hoje se vive o oposto da rigidez que pontificava antes disso: em muitos lares, os pais é que se sentem desorientados e os filhos, na ausência de quem estabeleçam limites à sua conduta, assumiram o papel de tiranos. Trata-se de uma bomba-relógio que começa a ser gestada cedo, mas cujos efeitos se agudizam na adolescência. É nesse período que os pais se sentem mais confusos sobre seu papel. A questão se tornou tão séria que uma tendência que representa um certo refluxo na maneira de pensar a educação dos jovens vem ganhando cada vez mais força. "Chegamos a uma situação-limite. Está na hora de os pais recuperarem sua auto-estima e sua autoridade", diz a educadora carioca Tania Zagury, uma das mais conhecidas autoras da área. Em seu novo livro, Os Direitos dos Pais (Record; 206 páginas; 25 reais), ela defende que práticas que andavam esquecidas na educação dos filhos sejam resgatadas, em nome do futuro do próprio jovem – e da sociedade. Até meados dos anos 60, as regras dentro de casa eram impostas implacavelmente aos jovens. Hoje, é prática corrente estabelecê-las de comum acordo entre pais e filhos. Antes, os pais davam broncas, punham os filhos de castigo e cortavam regalias porque era assim que as coisas funcionavam, e ponto final. Hoje, cada sanção precisa ser acompanhada de boas justificativas – e haja suor e lábia para dar 200 explicações. Um dos motivos disso é que os jovens atuais são muito bem informados. Outro dado é que eles nasceram num ambiente já bastante marcado pela educação liberal – seus próprios pais gozaram de boa dose de liberdade quando adolescentes. Nessas condições, é natural que estabelecer limites de conduta se transforme numa tarefa difícil. O que Tania defende não é uma volta à educação rígida de antigamente, e sim a busca de um ponto de equilíbrio que se perdeu em algum momento entre o fim dos anos 70 e a atualidade. É certo que as metodologias pedagógicas modernas – novidades surgidas nas primeiras décadas do século XX e que ganharam popularidade no Brasil sobretudo a partir dos anos 70 – representaram um avanço em relação ao passado. As idéias de teóricos como a médica italiana Maria Montessori e o psicólogo suíço Jean Piaget fizeram com que, nas escolas e, por tabela, no ambiente doméstico, se passasse a respeitar a individualidade do jovem e se enfatizasse sua liberdade. Nos últimos anos, com a confirmação dessas teorias educacionais à luz das descobertas da neurologia, os ensinamentos de Piaget, em particular, vêm sendo ainda mais valorizados. Sua metodologia, o construtivismo, preconiza que o aprendizado não é algo que se impõe de fora: é a própria criança quem constrói seu conhecimento. O problema é que a vulgarização do construtivismo e de outras teorias do gênero deu margem a interpretações equivocadas. Formou-se um caldo de cultura, por assim dizer, em que flutuam fragmentos teóricos da psicologia moderna. Os pais utilizam esses fragmentos fora de seu contexto adequado e muitas vezes com exagero. "Houve uma leitura muito equivocada de certos avanços modernos", afirma o educador Celso Antunes, autor de quatro dezenas de livros sobre o assunto. À idéia de que a liberdade é a melhor resposta em todas as situações, somam-se culpas cultivadas pelos pais. Por trabalhar e passar pouco tempo com os filhos, é comum que um casal se torne permissivo com os desejos dos jovens para compensar essa ausência. Às vezes não é o uso indevido da psicologia moderna nem a culpa que causam o estrago: é o desejo de fugir da tarefa difícil que é educar um adolescente. Alguns pais usam a falta de tempo como subterfúgio. Outra rota de fuga é aquilo que os educadores convencionaram chamar de "medicalização" da adolescência: ao menor sinal de que alguma coisa está fora dos eixos, os pais correm para um consultório, em vez de tomar eles próprios as rédeas da situação. É claro que existem situações que pedem o apoio de um médico. Do ponto de vista biológico, nenhuma época da vida é marcada por tantas mudanças. A Organização Mundial da Saúde estabelece que a adolescência compreende a faixa etária entre 10 e 19 anos. É nessa fase que se adquirem 25% da estatura final e 50% do peso total. Nesse processo, meninos e meninas experimentam uma verdadeira explosão hormonal. Entre 11 e 12 anos, acontece a primeira menstruação – as garotas ficam mais irritadiças e o humor oscila muito. A cintura afina, os quadris alargam e, por volta dos 15 anos, os seios ganham formas definitivas. O primeiro sinal de que a puberdade chegou para os meninos é o aumento de tamanho dos testículos. Mãos e pés crescem desproporcionalmente ao tronco e surgem os primeiros pêlos pubianos. A voz começa a engrossar e, por volta dos 14 anos, o rosto ganha uma barba rala. Do ponto de vista emocional, o adolescente é um vulcão. Ele ainda não sabe o que quer ser, mas tem certeza dos modelos em que não gostaria de se espelhar: os adultos que o circundam, em especial os pais. Nas diversas subfases que se sucedem na adolescência, ele alterna momentos de agressividade, egocentrismo, insegurança e completa falta de senso de perigo. Até duas décadas atrás, acreditava-se que a causa do comportamento impulsivo do adolescente era simplesmente a ebulição hormonal própria do processo de crescimento. Com os novos conhecimentos sobre o funcionamento do cérebro, refinou-se essa explicação: a raiz de toda essa instabilidade estaria no fato de a adolescência ser um período de muitas mudanças cerebrais. Pesquisas recentes mostram que nessa fase se formam novas conexões neuronais, principalmente em áreas do cérebro ligadas às emoções. Por causa desses fatos todos, existem hoje médicos especializados no atendimento aos adolescentes, os hebiatras (o nome é uma referência a Hebe, a deusa da juventude na mitologia grega). A especialidade, que começou a ganhar corpo na década de 50, nos Estados Unidos e na Inglaterra, foi reconhecida pela Associação Médica Brasileira há seis anos. Crescimento, nutrição e sexualidade são alguns dos aspectos enfocados pelos hebiatras. Mal orientados, muitos garotos recorrem à musculação para ganhar um corpo perfeito, mas o exagero pode atrapalhar o crescimento. As meninas, influenciadas pelos modelos de beleza do momento, muitas vezes partem para dietas radicais e ficam sujeitas a distúrbios alimentares graves, como a anorexia e a bulimia. Um hebiatra pode ajudar os adolescentes em questões específicas. Há pais, no entanto, que encaminham os filhos para o consultório médico por motivos banais – como uma crise de insolência na escola. "No fundo, o que eles procuram é se livrar do problema. Querem uma justificativa externa para o mau comportamento dos filhos e têm a falsa idéia de que dois comprimidos por dia resolvem qualquer problema", afirma o psiquiatra Francisco Assumpção, da Universidade de São Paulo. Mesmo doenças como a bulimia ou a anorexia podem ter seu surgimento relacionado à omissão dos pais. Com medo de parecerem repressores, muitos fazem vista grossa à recusa de seus filhos em comer. Acreditar que a escola possa assumir sozinha o papel de educar os adolescentes é uma saída pela tangente bastante comum. A permissividade chegou a um ponto em que os próprios colégios estão tendo de chamar a atenção dos pais para seus deveres. Nos últimos tempos, um dos colégios mais liberais de São Paulo viu-se obrigado a retomar práticas tidas como ultrapassadas para colocar os alunos – e seus pais – na linha. Ao perceber que muitos estudantes saudáveis conseguiam dispensa das aulas de educação física graças a atestados obtidos com a conivência dos pais, a direção da instituição estabeleceu que quem decide sobre a concessão ou não da licença é só o médico da escola. Resultado: desde que a regra foi adotada, nenhum aluno conseguiu escapar da educação física. Outra medida foi reeditar a exigência do uniforme, já que o pessoal andava se vestindo como se estivesse num clube: as meninas apareciam de top e blusas decotadas e os garotos, de camiseta regata, chinelo e bermudão. As conseqüências da omissão dos pais na educação podem ser graves. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 20% das garotas entre 13 e 19 anos já enfrentaram uma gravidez precoce. Por outro lado, uma pesquisa recente revelou que um em cada quatro estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública brasileira já experimentou algum tipo de droga, além do cigarro e das bebidas alcoólicas. Em apenas uma década, a idade do primeiro contato com esse tipo de substância caiu dos 14 para os 11 anos. Mesmo que não ocorram desastres, as conseqüências para o futuro podem ser sérias. Jovens educados de maneira negligente correm o risco de se tornar adultos infelizes e desajustados. A falta de limites faz com que muitas vezes essas pessoas se revelem inaptas para lidar com os reveses e frustrações naturais da vida. Elas têm dificuldades para se relacionar em ambientes marcados por hierarquias (como o trabalho) e, em muitos casos, não conseguem nem mesmo se emancipar – tanto do ponto de vista emocional quanto do financeiro. "Muitos pais acham que dar tudo de mão beijada para os filhos é uma maneira de fazê-los felizes, o que não é verdade. Quando saem do ninho, esses jovens se sentem atraiçoados pela vida, pois não desenvolveram defesas para enfrentar o mundo", diz Tania. É certo que, com força de vontade, um adulto pode superar esses problemas. Mas uma boa educação na infância e adolescência o pouparia dessas dificuldades. É claro que boa parte dos pais percebe que muita coisa vai mal na educação de seus filhos. Eles não querem fugir de suas responsabilidades nem delegá-las a outros. Prova disso é que a demanda por aconselhamento deu origem a um filão lucrativo no mercado editorial de auto-ajuda. Os principais representantes do ramo no país são a própria Tania Zagury e o psiquiatra paulista Içami Tiba. A eles somam-se autores estrangeiros como o inglês Steve Biddulph, cujo manual Criando Meninos se tornou um campeão de vendas nas livrarias. Desde 1985, Tania lançou dez livros, que totalizam mais de 300.000 exemplares vendidos. Faz cerca de oito palestras por mês, com cachê médio de 2.000 reais. Tiba, por sua vez, também tem dez obras publicadas na área e já dobrou a marca de 1 milhão de exemplares comercializados – seu mais recente lançamento, Quem Ama, Educa!, figura na lista de mais vendidos de VEJA há 58 semanas. Desde o fim dos anos 80, tanto Tania quanto Tiba vêm batendo na tecla de que é preciso resgatar a autoridade dos pais na educação dos adolescentes. Em Os Direitos dos Pais, Tania Zagury trabalha com dois conceitos. O primeiro se refere ao fato de que, por mais que se fale nos direitos sagrados das crianças e dos adolescentes, não se pode perder de vista que a cada direito corresponde um dever. "Perdeu-se a noção de reciprocidade", diz ela. Os pais são obrigados a bancar a melhor educação escolar para os filhos? Então estes últimos também terão sua contrapartida: devem esforçar-se para passar de ano. O filho ganhou um carro ao entrar na faculdade, mas logo em seguida desistiu do curso sem mais nem menos? Então não será uma injustiça ele perder sua regalia de andar motorizado. Os pais precisam aceitar a idéia de que ao tomar esse tipo de atitude não vão fragilizar seus filhos – muito pelo contrário. O outro conceito de que trata a autora é aquele explicitado no subtítulo de seu livro, Construindo Cidadãos em Períodos de Crise. Os pais precisam, com urgência, ter seu papel regulador revalorizado, para que possam desempenhar – sem culpa nem constrangimento – a função de moldar seus filhos para ser verdadeiros cidadãos. "O mundo que estamos construindo será constituído de indivíduos semelhantes àqueles que estamos criando em nossos lares. Portanto, é bom não pensarmos somente no prazer imediato de nossos filhos e adotarmos uma postura sociológica, pensando no global da sociedade", escreve Tania. No livro, ela ensina que uma ótima oportunidade para transmitir valores é o momento em que os pais vêem TV com os filhos. "Os pais não devem desperdiçar nenhuma deixa para estimular o espírito crítico dos adolescentes", diz Tania. Um adolescente típico carrega sempre na ponta da língua munição para atacar os pais quando estes tentam colocá-lo na linha: chama-os de "caretas", repressores e por aí afora. Ele vive encastelado em seu quarto – uma fortaleza indevassável, em que os pais comumente têm sua entrada vetada. Uma pesquisa da MTV revelou que o quarto de um adolescente brasileiro de classe média ou alta é equipadíssimo: a maioria possui aparelho de som, metade tem TV e um quarto deles, computador. O conselho da autora é que se enfrente essa resistência: se os pais chegarem à conclusão de que há algo estranho acontecendo – como, por exemplo, o envolvimento do jovem com drogas –, eles têm o direito, sim, de entrar em seu quarto sem autorização e até remexer em seus pertences. Tania também tranqüiliza aqueles pais que não sabem onde se enfiar quando o filho comunica que a namorada vai dormir com ele em casa ou vice-versa – um tipo de comportamento tolerado por 25% das famílias. "Se os pais se sentirem constrangidos com a situação, não precisam aceitar só porque os pais dos amigos do filho o permitem. Eles têm todo o direito de dizer um não bem redondo", diz Tania. Antes, os pais não falavam sobre sexo com os filhos. Hoje, a conversa sobre o tema costuma ser aberta. Tania sugere que eles sejam obrigados a ouvir o que os pais têm a dizer, ainda que façam birra. Todos esses enfrentamentos são difíceis, mas não há outro jeito. A título de se colocarem como "amigos" dos filhos, muitos pais acabam sendo cúmplices de erros que em nada contribuem para a formação deles. Nunca custa lembrar: a função do pai não é ser amigo e confidente – para isso, os adolescentes têm suas turmas. Papel de pai é ser pai.

Adaptado Flávio de sites da net...

2009/01/01

Meninas estão ficando mocinhas mais cedo


A primeira menstruação pode ser uma realização, mas também um trauma. E quanto mais precoce, mais mexe com a cabeça delas. Como as mães devem lidar com isso?

“Mãe, o que é isso? O que está acontecendo?”. As meninas que menstruam muito cedo, geralmente ficam muito assustadas e sem saber como reagir. E a menarca (primeira menstruação na vida da mulher) tem “chegado" cada vez mais cedo. Às vezes, a menina ainda é criança e não entende o que está acontecendo com o seu corpo. As mães precisam saber como conversar com a filha e explicar que ela está virando uma “mocinha”. O importante é saber o porquê dessa menstruação precoce. Será que pode prejudicar a infância da criança? “Os estímulos visuais que a mídia e a televisão oferecem às crianças interferem na maturação sexual e na idade da menarca. A melhora da condição de alimentação mundial também interfere no índice de massa corpórea das adolescentes. Parece que o contato do pai com a filha tem influência na menarca, quando o pai é ausente, a menstruação é mais precoce”, explica a ginecologista e obstetra Zsuzsanna Di Bella.
Há também muitos que acreditam que existe hormônio nos animais e que isso pode ser o motivo da precocidade. Segundo a especialista, nada prova que os animais trazem nenhum tipo de alteração hormonal. “Estes hormônios ingeridos por meninas, poderiam amadurecer o eixo provocar menstruações mais precoces. A legislação brasileira não permite o uso hormonal em animais, e apesar dos comentários em relação aos frangos e aves, não há esta comprovação” indica Zsuzsanna. Já o ginecologista e obstetra Felipe Lazar Júnior tem uma opinião diferente. Ele acredita que os alimentos podem interferir na menstruação precoce. “Em geral boa parte dos alimentos possuem conservantes com efeito hormonal. Mais recentemente, um pesquisador de meio ambiente fez um estudo em uma represa e constatou que as amostras de água colhida continham níveis elevados de hormônio feminino, o que com certeza estão associados à menarca precoce, e até ao aumento da incidência de câncer nas mulheres e ginecomastia nos homens (crescimento anormal da glândula mamárea).”

Conseqüências futuras
Ambos concordam que a menarca precoce pode trazer diversos problemas no futuro. Entre eles está a baixa estatura, a gravidez precoce, a endometriose e o câncer de mama. “Os problemas de desenvolvimento físico, de padrões corporais de mulher adulta em meninas. Além dos que acho mais importantes, as mudanças psicológicas que são seguidas de iniciação sexual precoce, exposição às doenças sexualmente transmissíveis, maternidade precoce, abortos ilegais, colocando em risco a vida destas meninas”, indica Felipe Lazar. Mas o mais importante é o que essa menina sente. O que será que acontece dentro da cabeça dessa garotinha ainda ingênua que está virando uma mulher? Será que ela entende o que acontece no corpo dela? Para que esse mudanças não cause nenhum susto, é preciso muito diálogo entre mãe e filha. “A criança deve ser orientada pelos pais e pelos educadores. Quando o pediatra perceber sinais de que a menstruação possa estar próxima, é interessante o acompanhamento ginecológico. Caso a estatura da criança esteja baixa pode-se discutir o bloqueio da menstruação”, afirma Zsuzsanna. Felipe Lazar recomenda o mesmo. Conversar é o melhor remédio para amenizar traumas, principalmente as mães. Nessa hora, ela tem que ser amiga da filha e abrir o jogo. “Acho que precisam ser super "Mãezonas", de uma forma mais moderna, ou seja, serem companheiras, cúmplices, para que as meninas dividam com elas seus anseios e problemas com confiança. Diferente das mulheres de antigamente, que por medo ou tabu, jamais discutiam assuntos como menstruação, sexo e doenças sexuais. E com certeza não participavam de todo este processo deixando suas filhas expostas à própria sorte”, conclui o médico.
Texto de: Victoria Bensaude

Pasta de alho prática e natural


Ingredientes:
1 ovo inteiro (sem a casca é claro rsrsrs...)
2 dentes de alho
Gotas de limão
Óleo de soja
Salsinha e cebolinha
Sal a gosto
Modo de fazer:
Coloque no copo do liquidificador todos os ingredientes menos o óleo.
Comece a bater (não use a potência máxima) e vá acrescentando o óleo até ficar uma pasta firme.
PS: olha minha ajudante na foto, a receita é da mãe dela.

2008/12/31

Tender com calda de laranjas, pêssegos em caldas e cerejas naturais


Ingredientes
1 tender de 800g aproximadamente
1/2 copo de suco de laranjas
1/2 xícara de áçúcar cristal orgânico
cravos da Índia

Modo de fazer
Tire o tender da embalagem, seque e com uma faca, faça cortes em diagonal formando losangos e em cada ponta do losango espete cravos da Índia.
Leve ao forno pré aquecido na temperatura de 200ºC embrulhado em papel alumínio.
Após 30 minutos, unte-o com o suco de laranja e o açúcar cristal.
Leve novamente ao forno para dourar.

Dica
Fatie 1/2 do tender, coloque em uma travessa e enfeite com pêssego em caldas e cerejas.

Salmão ao molho de alcaparras


Ingredientes
1,200 Kg de filé de salmão
1 limão
Sal e pimenta do reino a gosto

Modo de fazer
Tempere o filé com o suco de 1 limão, o sal, a pimenta e reserve por 1 hora
Asse o salmão em forno médio por 30 minutos.

Ingredientes Molho
2 laranjas pera
1 limão
1 colhar (chá) de amido de milho
50g de alcaparras

Modo de fazer
Junte o suco do limão ao amido e mexa até diluir.
Acrescente o suco da laranja e leve ao fogo baixo até começar a ferver.
A seguir adicione as alcaparras e deixe engrossar.

Dica
Leve o salmão a mesa junto com a molheira e acrescente o molho na hora de servir.

2008/12/27

Vitamina S


Depois de décadas de reinado da busca pela limpeza total, especialistas descobrem o que nossos avós sempre souberam: um pouquinho de sujeira não faz mal a ninguém. Pelo contrário!

Ah, as maravilhas da vida moderna: produtos que matam todos os germes, esterilizadores de ar, antibióticos, pisos que ficam limpos muito mais tempo... Com tantas "armas" para combater todo e qualquer tipo de sujeira, crianças que vivem em locais desenvolvidos crescem cada vez mais com sistemas imunológicos "preguiçosos" e mais suscetíveis a alergias e a infecções respiratórias. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, o número de casos de alergia vem crescendo assustadoramente nos últimos 30 anos. E quanto maior a obsessão do país com limpeza, maior o número de alérgicos.

Nos últimos anos, muitos estudos foram feitos sobre o assunto e vários outros ainda estão em andamento. As descobertas levam a uma conclusão: crianças que entram em contato com certos tipos de bactéria ainda na primeira infância desenvolvem anticorpos que as ajudarão a combater vários tipos de alergia durante o resto da vida. Num estudo publicado no Journal of The American Medical Association, 474 bebês foram acompanhados do nascimento até os 7 anos de idade. Os que cresceram sem cães apresentaram o dobro da incidência de alergias do que os que haviam convivido com um cachorro. Num outro estudo, pesquisadores europeus coletaram amostras de pó da cama de 800 crianças que moram em fazendas; as que dormiam em camas com maiores quantidades de pó e micróbios apresentaram 50% menos chances de desenvolver asma - uma das alergias mais comuns, junto com a rinite e o eczema.

Como funciona o sistema imunológico
O sistema imunológico, ou seja, o conjunto de estruturas e funções que defende o corpo de agressões externas, começa a se formar já na gestação. "Os anticorpos da mãe são passados para o feto através da placenta, enquanto a glândula timo recebe as informações genéticas que vão ajudar na formação do sistema", explica o pediatra e alergologista Pedro Paulo Sposito, pai de Fernanda e Alexandre. Após o nascimento, a grande fonte de anticorpos passa a ser o leite materno. Por fim, vêm as vacinas. "Ao completar 1 ano de vida, o bebê já está imunologicamente competente", diz Sposito.

"Quando o Muro de Berlim foi abaixo, percebeu-se que as crianças da Alemanha Ocidental, mais rica e desenvolvida, tinham mais alergia que as da Alemanha Oriental", conta a dra. Ana Paula Castro, mãe de Mariana e Lucas, pediatra alergista e imunologista. Ela esteve no Congresso Europeu de Alergia e Imunologia, realizado em junho na França, que teve a "sujeira" como um dos principais temas. "Algumas bactérias produzem endotoxinas, estruturas que estimulam nosso sistema imunológico, gerando uma resposta imunológica que depois ajudará na proteção contra infecções e alergias", explica. "As bactérias do sarampo e da tuberculose produzem endotoxinas, mas causam doenças indesejáveis. Já as bactérias que encontramos na terra e na saliva dos animais também produzem a substância, mas sem colocar o paciente em risco", completa. Ou seja: brincar na terra ou ter um bichinho de estimação, ainda nos primeiros anos de vida, é uma verdadeira vacina.

É por isso que as crianças que moram no campo apresentam uma defesa imunológica mais eficiente. "Desde cedo, o organismo delas entra em contato com as bactérias comuns do ambiente e aprende a se defender. Na hora de se defender das bactérias mais prejudiciais, o corpo está mais eficiente", explica a dra. Elza do Carmo Cabral, filha de Maria do Carmo, especialista em alergologia e imunologia da Clínica da Alergia. "Muitas mães, principalmente com o primeiro filho, têm verdadeira obsessão por limpeza. Já foi provado que crianças primogênitas desenvolvem mais alergias e infecções respiratórias. O segundo filho costuma ser mais resistente, porque a mãe tem menos tempo e está um pouco menos preocupada", compara. Outro dado interessante apontado pela dra. Elza, que também esteve no congresso deste ano: crianças criadas em ambientes muito limpos possuem mais bactérias patogênicas (que causam doenças) no intestino. "Os próprios produtos químicos usados para deixar tudo extremamente limpo provocam muita alergia e irritação no aparelho respiratório. Isso é poluição química dentro de casa."

"Do ponto de vista imunológico, é bom ter contato com sujeira. Mas se a criança já é alérgica, a sujeira pode precipitar uma crise", alerta o dr. Samuel Koperstych, pai de Vanessa, alergologista e imunologista. "A hereditariedade é muito determinante na alergia. Muitas crianças já nascem alérgicas, e expô-las à terra e a animais pode causar uma resposta negativa."
O importante, como sempre, é o bom senso. Deixe seu filho brincar, se sujar, curtir a dele. Depois, banho, cama, tudo limpinho. Ok. Mas hora de brincar é hora de brincar, e nossos avós sempre souberam disso. Afinal, de onde veio a expressão "vitamina S"? Então!

A DOSE CERTA DE SUJEIRA
Menos neurose e mais bom senso. Essa é a receita para que seu filho cresça sadio e protegido "O ato de lavar é a primeira vacina preventiva contra qualquer infecção", ensina dr. Sposito. Depois de brincar na terra e mexer com animais, as crianças devem lavar as mãos. Não basta ensinar - é preciso dar o exemplo. Filhos de pais alérgicos são potenciais vítimas das alergias e infecções.

Nesses casos, o uso de leites enriquecidos com probióticos - que nada mais são do que bactérias mortas - associados ao aleitamento materno pode proporcionar maior proteção à criança. Esse complemento deve ser feito sob a orientação de um especialista. Não há problema em deixar seu filho brincar no jardim de casa ou do prédio, mas informe-se sobre o uso de produtos químicos (inseticidas e fertilizantes) nesses locais. Quando houver aplicação desses produtos, fique longe do jardim por alguns dias.

permitido andar descalço e brincar no chão de casa, da escola, da praia ou do parquinho (desde que seja bem conservado). Cuidado com áreas de areia em parques e praças, que costumam servir de banheiro para os cachorros. Não é preciso esterilizar a chupeta cada vez que ela cai no chão de casa, que costuma ser mantido limpo. Lavar com água corrente já é suficiente. Deixe seu filho brincar com outras crianças. Bebês que ficam em berçário, principalmente no período da tarde (quando o ambiente já está "sujo" com as bactérias das crianças da manhã) têm menos infecções respiratórias.

AGRADECIMENTO: Maê Amaral, 6 anos, filha de Pipo, que adora tomar grandes doses de "vitamina S", como na foto.

LIBERDADE
"A liberdade não é a ausência de normas, mas a aceitação autônoma, livre, do que se deve fazer. Os pais de hoje têm de superar duas tentações que não ajudam a transmitir a idéia de liberdade. Em primeiro lugar, têm de evitar que a ânsia de proteger os filhos, limite indevidamente a capacidade destes de aprender a tomar decisões e de fazer as coisas por sua conta. A outra tentação de nosso tempo é confundir a liberdade com o vale-tudo".

Fonte: google.

Catequese é trabalho em equipe

Você está pronto para discutir o projeto catequético e participar de todas as reuniões de planejamento? Já percebeu como todas essas tarefas envolvem outras pessoas? Esse é o terceiro ponto fundamental da história. Ninguém vai a lugar nenhum sem um bom entrosamento entre padres, diáconos, seminaristas, coordenadores, agentes, catequistas, catequizandos e familiares. Não há mais espaço, na igreja do século XXI, para o cristão egoísta, que não troca informações permanentemente com os demais na comunidade. O trabalho em conjunto chega como uma importante ferramenta de melhoria do trabalho em comunidade. Na catequese chega de pensar nas salas isoladamente. A perspectiva certa é a do todo. "Trabalhar assim é ampliar a participação da coletividade". O modelo dominante ainda é o que está assentado numa prática individualista e fragmentada, "baseado em conteúdos preestabelecidos, com métodos de avaliação excludentes, e numa gestão que dispensa o trabalho em grupo". Mas nem tudo está perdido.
"Procure fugir do conceito de que planejar é dar receitas", "Ou seja, não estabeleça tudo antes. Deixe um espaço para resolver questões imprevistas. A organização da catequese tem a ver com o cuidado de não engessar o processo". O que dá uma importância ainda maior à equipe, que precisa estar coesa. Periodicamente, os catequistas devem fazer entrevistas, reuniões com pais e moradores, que servem de inspiração para o planejamento — um jeito muito bom de tomar decisões em conjunto. Além das reuniões freqüentes de catequista deixe um espaço fixo de discussão com os catequizandos. Com isso, as famílias se sentem co-responsáveis — e os catequistas retribuem com atividades ligadas à vida das crianças. Nas turmas iniciais, por exemplo, um dos trabalhos preferidos pelos pequenos é construir letras de argila para escrever os nomes de pessoas da comunidade.
A aprendizagem é reforçada pela interação. Marina, de 6 anos, Thiago, de 9, e Cíntia, de 14, modelam flores coloridas de papel crepom para enfeitar o ambiente catequético. Vão fazer, juntos, um carro alegórico. Bem perto, outro grupo com gente de todos os tamanhos recorta retalhos coloridos, cola e costura bonequinhos de pano, batizados de Frida e Fritz. A experiência tem por objetivo integrar diferentes idades (a catequese aboliu a classificação por séries ou fases). Os grupos são montados aleatoriamente, para que menores e maiores se ajudem, aprendam uns com os outros. A reorganização das turmas é uma das situações de aprendizagem com inspiração sociointeracionista usadas como parte da proposta de trabalho. No exemplo, eles são apenas três, nos quais as crianças são agrupadas por faixa de idade. Os conteúdos viram um meio para desenvolver competências, o que começa pelos próprios catequistas. Exemplo, um catequistas teve de pensar numa atividade simultânea para catequizandos dos 6 aos 14 anos. "Às vezes, tenho a impressão de que vou perder o fio da meada", diverte-se. A garotada adora. "Os pequenos reclamam um pouco, mas nós, maiores, sempre podemos ajudar", diz Karina, de 13.
No início, há um temor de que os catequistas com catequizandos de 12 e 14 anos não soubessem lidar com os de 6 a 8 ou de que os maiores se desentendessem com os menores mas as experiências vêm mostrando que o resultado é maravilhoso. O motor desses encontros é a possibilidade de proporcionar situações novas além de incentivar o trabalho em equipe. Na prática, eles servem para balançar os alicerces da formação rígida e segmentada e fazer com que as crianças se conheçam melhor. O planejamento individual virou peça de museu. De olho no futuro, o catequista precisa ver a importância de levar o catequizando a querer aprender. Perceber como é glorioso pegar um ser humano cru e elevá-lo. Essa é a função do educador: passar o gosto pelo saber. Em resumo, o desafio que está colocado é buscar a melhor maneira de ajudar a construir um mundo melhor. Texto adaptado - Flávio

Meninas com sexo na cabeça


Concordo que hoje as adolescentes estão muito mais sabidas que antigamente. Dizem, inclusive, que tem meninas de 12 ou 13 anos mais danadas que muita mulher por aí, o que considero um exagero. Contudo, realmente existem algumas garotinhas que procuram avidamente seduzir o sexo masculino de qualquer idade, pelo simples prazer do jogo sexual e acabam adquirindo muita experiência. Entretanto, me questiono de quem é a culpa? Será que já nasceram com a sensualidade a flor da pele ou foram os adultos que as cercam que as induziram a conquistar o mundo com o corpo? Claro que a curiosidade é maior entre quem está na pré-adolescência, fase de muita auto-afirmação. Mas será que este tipo de diálogo, revelando um comportamento por demais precoce, não foi incentivado pela omissão dos pais na educação?
Conheço um caso de uma profissional liberal que considerou estupro o fato do namorado da filha, ele com 18 anos e ela com 16, ter dado bebida alcoólica para a menina e assim mantido relações sexuais com ela, com total aquiescência da menina. Só que os dois já namoravam desde que ela tinha 13 e ele 15, época que a referida mãe, cujo marido tinha ido embora, deixava os dois adolescentes sozinhos em casa para ir trabalhar.
Então pergunto: será que esta senhora não foi por demais ingênua ao deixar estes dois livres para viverem um primeiro amor em toda sua intensidade? Depois ela veio reclamar que a paixão se tornou visceral e que estava com medo que ele matasse a garota. Com razão! Não raro encontramos rapazes matando as namoradinhas alegando ciúmes e depois ainda tentam o suicídio.
Em outro episódio, vi uma mãe desesperada com sua filha de 12 anos que foi encontrada seminua ao lado do meio-irmão de 16. A menina já tinha aprontado muitas e a mãe não tinha mais controle sobre ela. Ninguém dava jeito, nem mesmo o pai que mesmo separado, tentou apoiar a ex-esposa nesta situação. A adolescente queria chamar a atenção de todo jeito. Foi quando, então, procurou-se a ajuda de uma psicóloga, que recomendou deixar que a criança namorasse. A mãe, indignada, respondeu que se a deixasse se relacionar amorosamente com alguém, rapidamente ela engravidaria, ainda que desse anticoncepcional para ela, algo que poderia interferir no seu desenvolvimento orgânico.
Assim, a mãe considerou que se fizesse o que a profissional aconselhava, teria outro problema, ou seja, mais uma criança para cuidar. Resultado: resolveu cuidar melhor da garota, levando-a para o trabalho, preenchendo mais o tempo dela para que não pensasse mais em “besteira”.
Poderia citar muitos outros exemplos, mas a questão é: como criar uma filha, na fase típica de contestação, quando o incentivo à vivência sexual se tornou normal, podendo vitimar a adolescente com uma gravidez indesejada ou violência por parte dos parceiros? Talvez o que esteja faltando seja rédea curta. Está tudo muito liberal. Meninas de 13 anos voltam de manhã para casa depois de uma balada e os pais agem como se fosse tudo muito natural. Não é! A noite foi feita para dormir e não para a garotada fazer farra.
A liberdade conquistada pelo sexo feminino não foi para que menininhas se promiscuíssem. Quem tem filhos tem que perseverar na instrução deles. Não pode ter preguiça ou se esquivar dizendo que não pode mais com eles. Não precisa bater, mas tem que ser firme e dar limites.
Dizer muito não, algo que dói na alma de um pai ou de uma mãe, mas que ajuda a educar. E principalmente, tem que dar exemplo. Gente miúda copia muito mais o que vê do que aquilo que ouve. A sociedade continua machista e quando uma menina é taxada de “à toa”, dificilmente consegue formar uma família bem estruturada no futuro. Fica perdida e muitas vezes se entrega às drogas ou ao alcoolismo. Portanto, se não quiser ver sua filha sendo chamada de mulher antes do tempo, segure-a mais dentro de casa e invista no ensinamento dos antigos valores, como procurar ser virtuosa. Isto não é caretice, mas uma questão de sobrevivência social. Texto adaptado de Cláudia Molina

Criança equilibrada e feliz


A infância é o tempo de explorar o mundo ao vivo e em cores, não só por meio da TV ou do computador. Os especialistas batem cada vez mais nessa tecla e explicam por que brincar faz toda a diferença para a saúde física, mental e emocional dos pequenos
Batatinha frita,1,2,3!
"Mamãe, posso ir? Quantos passos?" "Tá comigo! Comigo não tá!" Se você acha que as brincadeiras do passado não fazem sentido em pleno século 21, é hora de repensar o assunto. Em diversos países, inclusive no Brasil, estudiosos se debruçam sobre as mudanças radicais que a rotina dos pequenos sofreu nas últimas décadas - e já admitem que hábitos colocados em segundo plano, como correr, jogar bola e fazer bolinhos de areia, são muito mais importantes para a saúde física, mental e emocional do que se podia supor. "Brincar é uma necessidade básica, como dormir e comer, e deve ser a atividade primordial até os 6 anos", afirma a assistente social Marilena Martins, sócia-fundadora da Associação Brasileira pelo Direito de Brincar, braço da International Association for the Child's Right to Play (IPA). A entidade não é a única a empunhar a bandeira. "Para se tornar um adulto equilibrado e feliz, a criança precisa viver intensamente a infância. Os pais não podem se preocupar apenas com a inteligência, com o rendimento escolar, com o futuro profissional", alerta a pedagoga Nylse Cunha, autora de vários livros sobre o tema e presidente da Associação Brasileira de Brinquedotecas, filiada à Internacional Toy Library Association, que, com 46 representações no mundo inteiro, divulga a importância do brincar. São posições que, à primeira vista, parecem óbvias. Afinal, quem vai impedir, em sã consciência, que o filho brinque? A questão, ressaltam os especialistas, é o que se entende hoje por brincadeira - em geral, apenas jogos eletrônicos e televisão.
"Essa diversão, que está na ponta dos dedos, é puramente mental. Acontece que o ser humano não muda tão radicalmente de uma geração para outra. A criançada ainda precisa correr, se pendurar, passar por baixo e por cima, se mexer", diz o psiquiatra Içami Tiba, autor do best-seller QUEM AMA EDUCA! (ed. Gente). O pesquisador britânico John Richer, responsável pelo departamento de psicologia pediátrica do hospital John Radcliffe, em Oxford, na Inglaterra, vai além. Ao participar do II Fórum de Desenvolvimento da Criança, realizado em maio, em São Paulo, ele chamou a atenção para a ausência de contato da meninada com a realidade. "O medo da violência afastou as crianças das praças, fenômeno que se repete em muitos países. As que saem de casa brincam em playgrounds que, de tão seguros, são chatos. Não oferecem estímulos e ainda impedem que elas administrem riscos. Aprender sobre o mundo real implica tocá-lo, explorá-lo", ele explica.
A infância confinada causa prejuízos em diversas áreas do desenvolvimento. Na escola Anjo da Guarda, em Curitiba, a diretora pedagógica Luci Serricchio se preocupa com o que constata diariamente. "Os alunos são bem-informados, sabem usar qualquer aparelho e compreendem um manual como ninguém. Em compensação, mal começam a fazer uma atividade e querem pular para a seguinte. O poder de concentração foi seriamente afetado."Em poucos anos, o aprendizado sofre as conseqüências, alerta a psicóloga Lorene Busquin, do colégio Miraflores, no Rio de Janeiro. A criança que não experimentou o próprio corpo nos primeiros anos de vida, que não correu, não pulou, fica com déficits no desenvolvimento motor. Lá na frente, eles interferem na coordenação motora final, fundamental para a alfabetização." O mesmo se repete no campo emocional, diz Marilena: "Quem não brinca deixa de desenvolver áreas do cérebro responsáveis pela afetividade e sociabilidade. Terá dificuldade para se relacionar e não saberá lidar com as emoções, deficiências que só se recuperam com muita terapia". Reflexos de outro tipo são verificados nos consultórios médicos. Segundo John Richer, os países desenvolvidos são vítimas de uma verdadeira epidemia de doenças alérgicas, causada em parte pela falta de exposição a elementos - quando não se entra em contato com a boa e velha "vitamina S", de sujeira, o sistema imunológico não amadurece plenamente. "Os ambientes estão limpos demais. A sujeira do solo contém incontáveis microrganismos essenciais à vida." O fenômeno também chegou ao Brasil, garante a imunologista Ana Paula Moschione Castro, de São Paulo. "Cerca de 20% das crianças já apresentam doenças alérgicas, um número assustador. Entre as causas, está o aumento das atividades em locais fechados. Passamos mais de 90% do tempo em ambientes repletos de ácaros."
Atribuir esse confinamento às limitações da vida moderna, colocando toda a culpa na violência urbana e nos apartamentos pequenos, na opinião de Luci, é uma atitude simplista. "Estamos contaminados pelo modo de vida eletrônico. Os games substituíram as brincadeiras - e a falta de espaço, a meu ver, é o de menos. Curitiba é famosa pelos parques e áreas verdes, mas vejo poucas crianças brincando neles. Tenho alunos que vivem em casas e não conhecem o próprio quintal." Para agravar a situação, os pais se encantam ao constatar que os filhos dominam o controle remoto, o computador e as mais complexas engenhocas e acabam achando que já não se interessariam por distrações mais simples. Um equívoco, na opinião de Paula Ruggiero, coordenadora pedagógica da escola infantil Grão de Chão, em São Paulo: "O corre-corre e a amarelinha ainda fazem sucesso". Ela fala com conhecimento de causa. Diariamente, vê a criançada de 1 ano e meio a 6 anos se divertir no pequeno quintal de terra batida, sombreado por árvores cujos troncos estão gastos de tanto sobe-e-desce - em 21 anos, garante, nunca houve acidentes, salvo um ou outro joelho ralado. "Esse aprendizado é cultural, precisamos incentivá-lo."
O intervalo entre as aulas, na Anjo da Guarda, também é hora de aprender a brincar. Em cada um dos nove pátios, um professor propõe uma atividade fora de moda - tem até bambolê e perna-de-pau. "As crianças escolhem, mas precisam desse empurrão porque não dispõem de repertório. As sugestões costumam agradar", afirma Luci. Dia desses, ela presenciou uma cena que deixaria muito adulto de queixo caído. "Flagrei garotas da 7a série, de 13 anos, se divertindo na casinha de bonecas. Elas ficaram sem graça quando me viram. As meninas dessa faixa etária, hoje em dia, têm vergonha de brincar. Para deixá-las à vontade, entrei na brincadeira e rimos pra valer", conta. Para Nylse, isso acontece porque nem as crianças conseguem distinguir o que realmente gostam do que é imposto. "Elas estão espelhando a pressão da mídia e da família. Como não têm oportunidade para descobrir seus sonhos genuínos e expressá-los, refletem o que foi projetado."
Uma pesquisa do Datafolha feita em 2003 com 329 alunos de escolas públicas e privadas de São Paulo, entre 7 e 12 anos, confirma a tese: apenas metade deles declarou que brincar era a atividade favorita. "Fiquei alarmada com o resultado, somente crianças doentes ou oprimidas não gostam de brincar. Acredito que, elas respondem o que os pais gostariam de ouvir - tanto que 24% disseram que preferem estudar e 27% que já estão pensando na profissão." A interferência do adulto, avalia, também é evidente em loja de brinquedos. "Conferimos valor aos produtos, consciente ou inconscientemente. E, não raro, nos surpreendemos ao ver que a criança se diverte mais com a caixa de papelão. Quanto mais pronto o brinquedo, mais aborrecido." Com esse argumento, a atriz e diretora de teatro carioca Karen Acioly, 40 anos, conseguiu convencer o filho Ciro, 16, de que videogame não é gênero de primeira necessidade. Quando ele tinha 8 anos e pediu um de presente, respondi que, ao manipular brinquedos eletrônicos, a gente só pensa que está brincando. E que brincar de verdade é muito melhor. Sei que ele joga eventualmente na casa dos amigos, mas não é viciado e não se sente excluído", conta. Hoje, ela faz a mesma campanha com a caçula, Dora, 5 anos. "Toda sexta de manhã, antes da escola, tem a festa da boneca aqui em casa, com um lanche rápido na pracinha do prédio." Mesmo quando não pode estar presente, Karen sai para o trabalho com a sensação de dever cumprido. "Nossos desafios são muito maiores do que os de antigamente. Se preciso trabalhar em casa, espero que todos durmam primeiro. Descanso menos, namoro menos, mas somos mais felizes assim." A jornalista carioca Christina Martins, 40 anos, criou até um site, o http://www.amigasdapracinha.com.br/, para agitar a vida social de Carolina, 6. Mesmo que só consiga levar a menina à praça uma vez por semana, ela inventa moda para garantir que ninguém sofra de tédio. "Temos até um evento regular, o Sebinho nas Canelas, para que as crianças troquem livros já lidos. É uma curtição." Como vive em um edifício sem área de lazer ou vizinhos da idade da filha, ela também providencia animadas festas do pijama. "Convidamos duas ou três meninas para dormir em casa. Fazemos pipoca e é sempre aquela farra."
Não dá para fechar os olhos diante da realidade. Brincar é fundamental, mas a televisão e o computador já são parte da infância - e em caráter definitivo. Os números comprovam: segundo pesquisas da MacCann-Erickson, 63% das crianças das classes A/B, com menos de 12 anos, têm TV no próprio quarto e passam quatro horas diárias diante do aparelho. A boa notícia é que a telinha só assume o papel de vilã da história se você permitir. A televisão e o videogame são inevitáveis, o progresso está aí. Cabe aos pais iteragir, selecionar a programação, sentar no sofá ao lado do filho e conversar a respeito do que se vê. “Deve ser mais um ritual em família”, defende Marilena Martins. A psicanalista Ana Olmos, membro do conselho de acompanhamento da programação de rádio e TV da Câmara Federal concorda: "É um veículo maravilhoso, apaixonante se for usado corretamente. O conteúdo deve respeitar a faixa etária e a rotina da criança, além de não tratá-la como mera consumidora". Quem abre mão dessa tarefa, ela afirma, deixa o filho na mira da artilharia pesada: "A maior parte da programação infantil é idealizada sob o prisma do consumo. O pequeno telespectador se torna consumidor não só de brinquedos e biscoitos, mas de um projeto de vida pobre. Ele cresce acreditando que a imagem é o que importa".
Exposta desde cedo a personagens e tramas cada vez mais sensuais, a criança também tende a abandonar os brinquedos precocemente. Com cerca de 9 anos, já se considera pré-adolescente e se volta para outros interesses - segundo pesquisa do Instituto Ipsos Marplan, a turma de 10 a 12 anos só quer saber de carros, viagens, computação e informática, gente famosa, esportes, ciência, tecnologia e moda. O fenômeno se reflete na indústria de brinquedos. "Nosso público sofre uma forte pressão social para se tornar adulto antes do tempo, fazendo com que o mercado encolha. É assim no mundo inteiro, mas aqui, no Brasil, a erotização nos meios de comunicação acelera ainda mais o processo", atesta Aires José Leal Fernandes, diretor de marketing da Estrela. Separar o joio do trigo é mais simples do que parece. Comece observando os valores que permeiam as séries e desenhos animados a que seu filho assiste, como faz o pedagogo paulistano Pedro Paulo Demartini. Ele trabalha há quase três décadas na assessoria educacional da TV Cultura com a incumbência de analisar o conteúdo da programação infantil da emissora - e intervir, se for o caso. Preconceitos de qualquer natureza não devem ser tolerados", explica. Programas que destacam atitudes solidárias e harmoniosas são sempre recomendados, mas convém evitar aqueles que pintam o mundo com cores tênues demais. "É importante também mostrar que os conflitos existem e podem ser resolvidos com tranqüilidade. Personagens bonzinhos o tempo inteiro são irreais."
Os dramas, abordados com cuidado, têm seu lugar - desde que você leve em conta que cada criança reage de um modo a eles. "Na série com bonecos Cocoricó, por exemplo, já falamos da morte como um fenômeno natural, para que o público compreenda que ela faz parte da vida, pense e elabore os sentimentos sem se assustar." A professora curitibana Erica Mello, 23 anos, não veta nenhum tipo de programa. Amanda, 5 anos, pode assistir às notícias mais dramáticas dos telejornais com a condição de que a mãe ou o pai estejam ao lado. "Meu marido prefere que ela não fique na sala, mas eu discordo. Quero que minha filha conheça o mundo real. No fim, mostramos o que consideramos certo ou errado." Já a advogada paulistana Lourdes Campos, 45 anos, mãe de Luísa, 6, e André, 4, controla o televisor com mão de ferro. "Não permito que vejam apresentadoras com roupas apelativas e programas que não tenham nenhum valor interessante para ensinar. Sou obrigada a repetir meus argumentos 365 dias por ano, mas educar é isso mesmo."
O vocabulário é outro item a considerar - como a criançada costuma sair pelas ruas repetindo os bordões que ouve na TV, marca ponto o programa que aproveita a deixa e apresenta palavras novas. Não pense, contudo, que conteúdo educativo deve ser chato. "Nada pode ser técnico, científico, formal, como uma aula tradicional - ou a criança se desinteressa. Mais do que informar, a TV tem de despertar a curiosidade, fazer com que ela queira saber mais", defende Pedro Paulo. O mesmo vale para a escolha do repertório musical. Acredite: as canções que seu filho escuta são muito mais do que pura diversão e interferem de verdade no desenvolvimento dele, especialmente nos cinco primeiros anos de vida. "Essa é a fase do destino. O que se registra nela fica gravado para sempre", afirma a arte-educadora Margareth Darezzo, de São Paulo, especializada em psicologia do desenvolvimento infantil. Ela dá aulas de iniciação musical e recomenda aos pais de seus alunos e aos orientadores de escolas que não se limitem a analisar os refrões - não basta que a mensagem seja edificante. "A letra educa quando se usa a mesma linguagem da criança, entra no universo dela naturalmente e recorre a temas voltados para a descoberta do mundo e para o autoconhecimento - não quando simplesmente é cantada em voz infantilizada e cultua ídolos." Com 16 anos de carreira e 20 CDs, a dupla Palavra Cantada, formada por Sandra Peres e Paulo Tatit, já se tornou referência em música infantil de qualidade. Seus discos foram adotados pela rede municipal de ensino de São Paulo, que patrocinou 500 apresentações gratuitas do grupo nas escolas. A receita deles? "Não menos prezamos a inteligência da criança com tentativas bobas de obter cumplicidade, o que só funciona por um tempo e depois cai no esquecimento", assegura Sandra. O músico Hélio Ziskind, responsável pela trilha sonora dos programas infantis da TV Cultura e autor do CD-livro BANHO É BOM (ed. Melhoramentos), lembra que o universo infantil é riquíssimo e não pode ser simplificado. "O que mais vemos são cantores que compõem para crianças que estão sempre em festa. Não lembram que elas precisam parar de vez em quando e se conectar a outros sentimentos."
Entre nessa também - Confira algumas sugestões para driblar as limitações de tempo e espaço.
"Crie um cantinho de brincadeiras em casa, nem que seja na sala ou na área de serviço. Não vai durar para sempre, em poucos anos a decoração volta a ser o que era - e esse investimento será bem recompensado no futuro." MARILENA MARTINS
"Leve seu filho ao parque pelo menos uma vez por semana. Mas não adianta soltá-lo enquanto você lê jornal - ele precisa da sua atenção. É fácil, basta que você se lembre da própria infância na hora de propor as brincadeiras." PAULA RUGGIERO
"O melhor brinquedo para a criança é o adulto disposto a brincar com ela. Mas não tente dirigir a atividade. Deixe que ela lidere o tempo todo." NYLSE CUNHA
Texto adaptado - Flávia Pinho