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2010/03/27

Papai não é Mamãe - Revista Veja

O pensamento politicamente correto contaminou a paternidade e exige dos homens um desempenho equivalente ao das mulheres no cuidado com os filhos. Mas isso vai contra os fatos da biologia. Todo homem que queira se manter competitivo no mercado das relações amorosas, atualmente, precisa demonstrar que reza pela cartilha do politicamente correto no quesito paternidade. Ou seja, ter disposição (ou pelo menos dizer que tem) para desempenhar toda e qualquer tarefa relacionada ao cuidado com os filhos. Dito assim, soa razoável. Em um mundo em que homens e mulheres trabalham e as famílias foram reduzidas ao núcleo formado por casal e filhos – com o resultado de que avós, tias e primas atuam cada vez menos como "segundas mães" –, é mesmo necessário ter uma participação maior do pai nos serviços domésticos. Já vai longe o tempo em que levantar as pernas para a mulher passar o aspirador era considerado uma grande ajuda. Esquentar a mamadeira, preparar a papinha, trocar a fralda e dar banho no bebê são atividades, entre muitas outras, que um pai pode perfeitamente desempenhar. Mas há excessos na concepção mais difundida de paternidade moderna. O principal deles é equiparar pai e mãe na capacidade de suprir as necessidades físicas e afetivas dos filhos. A influência que o pai pode ter sobre seus rebentos, especialmente quando eles ainda são bebês, é limitada por fatores biológicos. Forçá-lo a agir como se pudesse substituir a mãe pode ter efeitos devastadores. "Muitos homens se sentem emasculados nessa posição porque passam a acreditar que as formas tradicionais de masculinidade, com as quais eles se identificam no íntimo, são negativas", disse a VEJA o psiquiatra inglês Adrian Lord. "A insatisfação nessa troca de papéis pode até afetar o desempenho sexual do casal." O excesso de expectativa – e ansiedade – em relação ao papel paterno pode ser verificado por meio dos resultados obtidos em uma enquete feita com 820 pais no site VEJA.com. Setenta e cinco por cento deles disseram que gostariam de passar mais tempo com os filhos, mas só 20% parecem achar possível realizar esse desejo num curto espaço de tempo (veja o quadro). É óbvio que cada casal tem o seu próprio equilíbrio na divisão das tarefas maternas e paternas. E é claro também que existem homens que se realizam como "pais totais", sem que isso interfira na sua masculinidade (pelo menos, eles não sentem os efeitos mais adversos). Analisados em conjunto, entretanto, os homens estão sendo submetidos a duas forças opostas. De um lado, a pressão das mulheres para que exerçam a paternidade de uma maneira historicamente inédita, em que várias das tarefas maternas lhes são confiadas. De outro, a limitação de ordem natural, que faz com que eles não se sintam totalmente à vontade nas novas funções.

NÃO BASTA SER PAI
O publicitário Rafael Castro, de 30 anos, de Belo Horizonte, divide com a mulher tarefas como dar banho, trocar fraldas, dar mamadeira e fazer Melissa, de 7 meses, dormir. Além disso, ajuda Pedro, de 8 anos, a fazer a lição de casa. "Com isso, sobra pouco tempo para atividades que homens geralmente gostam de fazer, como sair para tomar uma cervejinha com os amigos e jogar futebol", diz Rafael. "No início foi difícil me acostumar porque, enquanto meus amigos e colegas de trabalho saíam, eu tinha que dar uma de babá", diz. Não raro, Rafael fica cuidando das crianças enquanto a esposa vai a alguma festa de casamento ou aniversário de parentes ou amigas. "Tive de me adaptar, até porque é uma condição básica imposta pelos casamentos modernos", resigna-se Rafael.

Ordem natural? O pensamento de extração feminista atribui o desconforto dos homens nos cuidados com os filhos a aspectos culturais originados do machismo patriarcal. Por esse argumento, os pais não conseguem ter a mesma delicadeza, afetuosidade e disponibilidade que as mães simplesmente porque não se despem dos valores que lhes foram inculcados e que continuam a ser reproduzidos nas diferentes esferas da vida social. Não foram educados para cuidar de crianças e não encontram respaldo no ambiente de trabalho para ser pais participativos. Tudo isso é, em parte, verdadeiro. Meninos são ensinados a manter-se longe de bonecas, e é mais fácil para uma mãe do que para um pai convencer o chefe de que precisa sair mais cedo para levar o filho ao médico. Pais como Paulo de Queiroz Silveira, do Rio de Janeiro, que trabalha em casa e pode passar boa parte do dia com as crianças, frequentemente ouvem a pergunta "Onde está a mãe deles?", quando estão com os filhos no shopping ou vão sozinhos às reuniões na escola. Chegamos, então, à "ordem natural". Por mais que as pessoas acreditem na versão politicamente correta da paternidade, o fato é que a maioria estranha quando os homens desempenham tarefas tradicionalmente maternas. Isso é errado? Não. "As regras sociais e culturais não surgem do nada. Elas têm uma origem biológica", diz o psicólogo evolutivo americano David Barash, da Universidade de Washington.

ADEUS, FUTEBOL


Quando era solteiro, o contador Lucimário Mota, de 34 anos, de Salvador, não abria mão das partidas de futebol com os amigos. Sua então namorada, Rosana Alves Mota, o trancava em casa para que ele não a deixasse só nas manhãs de sábado. Lucimário pulava a janela para ir ao jogo. Há seis meses, no entanto, ele não aparece para disputar uma partida. "Dei um tempo para acompanhar os últimos meses de gravidez da Rosana e agora estou ajudando em casa", diz. Lucimário troca as fraldas da filha, Maria Fernanda, e a leva para tomar banho de sol todas as manhãs. Quando a empregada está de folga, ele cozinha, limpa a casa e cuida da louça. "Até tento convencê-lo a voltar a jogar bola, mas ele não quer", conta Rosana.

Entre as características tipicamente masculinas que, em geral, são deixadas de lado quando se tenta cuidar de uma criança com a mesma dedicação de uma mãe, estão a autonomia, o gosto pela competição e a agressividade. A perda de virilidade experimentada pela maioria dos homens que se põem a realizar trabalhos associados a mulheres tem bases químicas. Experiências de laboratório mostram, por exemplo, que os níveis de testosterona no organismo caem quando o homem segura uma boneca nos braços. O efeito é o mesmo de quando o marmanjo embala um bebê de verdade. O hormônio masculino por excelência é aquele que, entre outras coisas, proporcionava aos machos humanos, nos tempos das cavernas, o ímpeto de caçar, acasalar-se – e dar uma bordoada na cabeça do inimigo.

Faz sentido, portanto, que a evolução tenha moldado o organismo do homem de forma tal a diminuir os níveis de testosterona na presença de crianças – não só as suas, como as de outros. Do contrário, eles representariam sempre um perigo para aqueles serzinhos adoráveis – e gritadores, e chorões, e... irritantes. Um estudo feito por antropólogos da Universidade Harvard indica que os níveis do hormônio em homens casados são, em média, mais baixos do que em solteiros. E, entre os casados que passavam todo o tempo livre com a mulher e os filhos, sem dar chance à cerveja com os amigos, a quantidade era ainda menor. A descoberta reforça a tese de que o natural para um homem é ser provedor e protetor – não um trocador de fraldas.

O psicólogo David Barash explica que o envolvimento do pai com os filhos é proporcional ao grau de certeza que o macho tem de que a prole carrega seus genes. É o contrário do que ocorre com as mulheres. A não ser nas novelas de televisão, elas jamais têm dúvida de que deram à luz aquele filho. "Em termos evolutivos, esse fato serviu para estreitar ainda mais a ligação entre mães e sua descendência", diz Barash. "Prova disso é que não há uma única sociedade em que os homens se dedicam a cuidar mais das crianças do que as mulheres." Tal especificidade também esclarece por que a natureza reservou às mulheres, e não aos homens, a capacidade de produzir leite. Se fosse o contrário, os homens poderiam ver-se na situação de amamentar os filhos dos outros (ou de recusar-se a fazê-lo caso descobrissem o engodo). Só o sexo que investiu nove meses na gestação e não questiona se o rebento é seu poderia ter uma função tão essencial quanto a de alimentá-lo nos primeiros anos de vida – garantindo, desse modo, a continuidade da espécie. O trato com as crianças, segundo a ordem natural, também diferenciou homens e mulheres quanto a outros aspectos. Centenas de milhares de anos acalentando e dando atenção a indivíduos que não se expressam verbalmente – os bebês – conferiram a elas capacidades cognitivas superiores às dos homens. Daí a vantagem feminina na compreensão da linguagem corporal. Já o homem, menos preso a laços afetivos familiares, se tornou mais apto para tecer alianças externas. Por esse motivo, os pais têm mais medo do que as mães de ver sua vida social reduzida com a chegada de um filho.

OBRIGAÇÃO E PRAZER


Para o gerente de computação Celso Boniglia, de 44 anos, de São Paulo, a adaptação às novas exigências da paternidade não aconteceu com naturalidade. Foi preciso insistência da mulher e muito esforço próprio. "Cuidar das crianças, para mim, é um misto de obrigação e prazer", diz Celso, pai de Vinícius, de 11 anos, e Felipe, de 7. Além de cobrar ajuda, a mulher quer o marido sempre por perto. Quando Vinícius era pequeno, ambos acordavam no meio da noite para a amamentação. Depois, Celso foi liberado dessa exigência



Evidentemente, não se trata de propor que os pais modernos voltem a se comportar como na idade da pedra. "O que não se pode é exigir que eles assumam o papel das mães", diz o psicólogo americano Aaron Rochlen, da Universidade do Texas, autor de um estudo sobre homens que se tornaram donos de casa. Uma maneira de incorrer nesse erro é esperar que o pai tenha sobre a criança a mesma influência afetiva e psicológica que a mãe. A ideia de que ele pode ter esse papel costuma ser difundida de modo inconsequente desde os cursos de gestantes para casais. O austríaco Sigmund Freud, o pai da psicanálise, considerava que no início de sua vida a criança percebe a mãe como um ser todo-poderoso, numa relação que não dá espaço para mais ninguém. Apenas depois de alguns meses do nascimento, o bebê consegue identificar a existência de um terceiro indivíduo – o pai – que disputa sua atenção com a mãe. No papel de "o outro", é o pai quem estabelece o vínculo da criança com o mundo externo e lhe permite ganhar independência da mãe. O pai é essencial na formação sexual da filha, por revelar a diferença, e do filho, por confirmá-la. Pais obrigados a agir como mães podem desequilibrar essa equação.

PAPAI TOTAL
O consultor de marketing Paulo de Queiroz Silveira, de 55 anos, do Rio de Janeiro, trabalha em casa e por isso é ele quem mais convive com Maria, de 17 anos, e João, de 15, desde que eles eram bebês. Isso lhe deu uma habilidade com crianças que causa estranheza em algumas pessoas. Certa vez, ele se ofereceu para ajudar uma mãe cujo bebê não parava de chorar. Paulo pegou a criança no colo e a acalmou. "A mulher me perguntou: ‘Tem certeza de que você é homem?’"




Os homens não são fisicamente adaptados para cuidar dos filhos com a mesma desenvoltura que as mulheres, mas estão sendo cobrados insistentemente para sê-lo, como se isso fosse... natural, volte-se a dizer (esta reportagem, aliás, deverá causar grande indignação entre as feministas). Como nem sempre conseguem atender à exigência, são criticados ou tratados com condescendência. O resultado é frustração: o homem ingressa na paternidade disposto a ser participativo, mas se sente um inútil quando não dá conta do recado. "Quando vai dar banho em nossa filha recém-nascida, meu marido a deixa escorregar. Por isso, eu fico sempre por perto, só vendo no que vai dar", diz a professora mineira Cláudia Santos, de 36 anos, mulher do publicitário Rafael Castro. Pois é. "As mulheres lutaram para conquistar seu espaço no mercado de trabalho e agora batalham para que os homens dividam as tarefas domésticas e o dia a dia com os filhos. A contradição é que elas parecem querer a ajuda de um clone de si próprias, não de um marido que faz as coisas dentro de suas limitações", diz a terapeuta de casais Magdalena Ramos, de São Paulo. "Não é de estranhar que eles se sintam falhos."

As mulheres batalharam para ter liberdade e igualdade. Mas, quanto à fraternidade com os homens, convenhamos... Não exija tanto do paizão, mamãe.




2010/03/21

Sexualidade na infância

A reação da grande maioria dos adultos depois que seu filho faz perguntas do tipo "Como eu nasci?" ou "Como o meu irmãozinho foi parar dentro da sua barriga?" e mesmo quando "flagramos" a criança brincando com os seus órgãos genitais é de surpresa e, em alguns casos, de constrangimento.

Os valores culturais e morais, ainda que diferentes e mais abertos do que anos atrás, ainda nos remetem infância à pureza e inocência. Crianças são puras e inocentes no sentido de que quando brincam de médico ou tocam suas partes íntimas não tem idéia de libido e sexo como os adultos, apenas estão se descobrindo e sentindo prazer no que fazem. São os adultos que erotizam as atitudes da criança, dando um sentido distorcido, proibido e, por vezes, sujo. Essa não é a melhor maneira de lidar com a sexualidade infantil. E para lembrar, sexualidade não é sexo.

A criança desde que nasce está desenvolvendo a sexualidade. Começa pelo desejo e prazer de se alimentar, de descobrir os pezinhos e as mãos e levar tudo à boca. Quando começa a se distinguir do outro, descobre as diferenças entre homens e mulheres e meninos e meninas, brincando até com os órgãos sexuais do coleguinha. Tudo naturalmente, dependendo da atitude dos pais diante dessas descobertas. Caso os pais vejam a criança acariciando seu órgão genital na frente de outras pessoas, ao invés da bronca, diga para seu filho que isso é um ato íntimo e não pode ser feito na frente de outras pessoas ou simplesmente chame-o para brincar de outra coisa.
Como agir - Se for brincadeira com outro coleguinha da mesma idade, deixe passar e converse sobre o assunto depois ou peça para que eles parem a brincadeira, pois o papai ou a mamãe precisam de ajuda, sem soar como recriminação. Brincadeiras com crianças da mesma idade não há perigo, o problema haverá quando uma criança for muito mais velha que a outra, dando outro sentido à brincadeira. Já uma masturbação excessiva é significativa de alguma alteração emocional. Procure um profissional para melhor avaliação e orientação tanto para a criança quanto família.

Agora, diante de perguntas que peguem papai e mamãe de "calças curtas", o ideal é responder até onde a curiosidade da criança alcança. Informações de menos levam a criança satisfazer a curiosidade em lugares muitas vezes inadequados. Informações de mais, como uma aula completa sobre como o irmãozinho foi parar dentro da barriga da mamãe podem fazer confusão na cabecinha da criança ou mesmo super estimular seu filho. Para começar a responder qualquer pergunta do seu filho, responda com outra pergunta para saber até onde a curiosidade chega. Por exemplo: se a pergunta for como os bebês vão parar dentro da barriga, pergunte a ele como ele acha que os bebês chegam nela. E então comece a sua explicação. Já as mentiras contadas pelos pais farão com que as crianças não confiem mais na relação e a conversa sobre sexualidade seja um canal fechado, tendo como conseqüência mais tarde uma gravidez indesejada ou mesmo vergonha de falar sobre um abuso sexual.

Abuso sexual é outro motivo para que se fale sobre sexualidade desde pequeninos. Já se pode explicar para crianças de até três anos sobre as partes do corpo e que adultos não podem acariciar certas partes. Mesmo orientar brincadeiras com crianças da mesma idade e não com crianças mais velhas. Tudo o que é passado para as crianças com transparência e naturalidade, sem preconceitos e mentiras, é desenvolvido da melhor maneira sem traumas ou conseqüências.

Dicas
Se a criança pedir para tocar sua parte íntima deixe, se ficar à vontade. Se não, explique que não gosta e por isso não quer ser tocado. Essa é uma boa hora de explicar para a criança sobre carícias de outros adultos e crianças.

Não precisa contar toda a verdade para a criança, mas tudo o que você contar tem que ser verdade.
Livros educativos são muito úteis para ajudar papai e mamãe nessa hora.

Fonte: guia do bebê Uol